Sertanejo Universitário: O Ritmo que Saiu do Interior e Conquistou o Brasil

O sertanejo sempre foi a trilha sonora do interior do Brasil. Mas, no final dos anos 1990, esse som ganhou um novo palco — os bares e festas universitárias das grandes cidades. Assim nasceu o sertanejo universitário, subgênero que transformou as duplas caipiras em ídolos pop nacionais e dominou as paradas musicais nas décadas seguintes.

Do interior para o campus

Tudo começou quando jovens do interior migraram para os centros urbanos em busca de formação acadêmica. Com eles, vieram os costumes, o sotaque e, claro, a música. Nas repúblicas, festas e bares, a moda de viola ganhou um novo fôlego. A nostalgia da terra natal misturada ao espírito jovem das universidades criou o terreno perfeito para o surgimento de um novo som.

Foi nesse contexto que o sertanejo universitário encontrou seu primeiro impulso. A proposta era simples: manter a essência da música sertaneja, mas com uma roupagem mais leve, dançante e urbana — pronta para embalar baladas e multidões.

Os pioneiros da revolução sertaneja

Entre os nomes que abriram caminho para esse movimento, João Bosco & Vinícius se destacam como precursores. A dupla começou sua trajetória em Campo Grande (MS), em 1999, quando ainda cursavam Odontologia e Fisioterapia, respectivamente. O que começou como apresentações em bares universitários, logo se transformou em sucesso nacional.

“Nosso som era diferente do que se ouvia nas rádios na época. A gente falava da vida universitária, das festas, dos amores rápidos e das amizades intensas. Isso conectou com muita gente”, relembrou João Bosco em entrevista a uma rádio local.

O sucesso de João Bosco & Vinícius abriu portas para uma nova geração de artistas como Jorge & Mateus, Fernando & Sorocaba, Luan Santana e Gusttavo Lima, que ajudaram a consolidar o gênero e levá-lo ao topo das paradas brasileiras.

Um som que fala a língua da juventude

O segredo do sertanejo universitário está na sua capacidade de adaptação. As letras passaram a retratar temas cotidianos da juventude: festas, relacionamentos, liberdade e redes sociais. A sonoridade, por sua vez, incorporou elementos de pop, axé, funk e eletrônico, com arranjos que misturam violão, guitarra elétrica, bateria e sintetizadores.

Essa fusão deu origem a músicas contagiantes, fáceis de cantar e perfeitas para dançar — fórmula que garantiu ao gênero presença cativa em rádios, plataformas de streaming e grandes festivais.

Mais do que um ritmo, um fenômeno cultural

O sertanejo universitário ultrapassou as barreiras musicais e se transformou em um fenômeno cultural. Ele ditou moda, lançou tendências e virou trilha sonora da vida de milhões de brasileiros. De festas de república a shows em estádios lotados, o gênero provou que é possível modernizar sem perder a raiz.

Hoje, mais de duas décadas depois de seu surgimento, o sertanejo universitário segue se reinventando — e mostra que ainda tem muito fôlego para embalar novas gerações.