Presidente do Banco Central descarta corte de juros e aponta cenário de incertezas

O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (19), durante evento promovido pelo Goldman Sachs em São Paulo, que a redução da taxa básica de juros, a Selic, não está sendo considerada nas discussões do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo ele, diante de um cenário ainda incerto e da desancoragem das expectativas inflacionárias, a instituição avalia ser necessário manter os juros em patamar elevado por mais tempo.

“Dado o que aconteceu no passado recente, dado o nível de desancoragem das expectativas, temos consciência que desta vez precisamos permanecer com essa taxa de juros por mais tempo em um patamar restritivo”, disse Galípolo.

O presidente do BC destacou que, mesmo com a Selic em níveis considerados restritivos — atualmente em 10,50% ao ano —, a economia brasileira segue aquecida, com indicadores robustos.

“Como é que você convive com a taxa de juros em um patamar que, para qualquer outro país, seria bastante restritivo? E, ainda assim, você está assistindo o nível de desemprego mais baixo da série histórica, o nível de renda mais alto da série histórica… você tem uma série de dados que demonstram uma economia de dinamismo alto”, acrescentou.

A ata da última reunião do Copom, divulgada na semana passada, reforça essa postura cautelosa do BC. O documento menciona a necessidade de “cautela adicional” na condução da política monetária e de “flexibilidade” para reavaliar os próximos passos, diante de um cenário marcado por incertezas, especialmente no ambiente externo.

Galípolo também reiterou o compromisso do Banco Central com o cumprimento da meta de inflação, fixada em 3% para 2025, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Segundo ele, a prioridade da instituição é consolidar a confiança na política monetária.